Rita Carvalho de Matos
O "drama" de viver em família!
Atualizado: 17 de set. de 2019
O « drama» de viver em família!
Em 2011, existiam perto de 3,2 Milhões de famílias com 2 ou mais elementos em Portugal (1). Estes dados indicam 3 milhões de casas organizadas diariamente por mais do que 1 só pessoa. E como todos somos seres únicos e especiais, a vida que idealizamos, individualmente, apresenta grandes ou pequenas nuances em relação à família com quem dividimos o mesmo tecto.
Há quem diga que o mundo se pode dividir em duas metades: os organizados e os desarrumados. Se juntarmos as versões mais extremistas destes dois grupos na mesma casa, é provável que todos os dias existam pequenas “guerras nucleares”: o mais organizado “passa-se” com o caos em que o outro vive e o rasto de destruição que deixa por onde passa, e o mais desarrumado fica doente com as críticas constantes e com as coisas que vão desaparecendo sem que as tenha deitado fora.
E agora vem a bomba que eu, Consultora KonMari, integrando orgulhosamente o lado “organizado” do mundo, vem aqui largar: todos os que partilham casa têm o direito e espaço de viver da forma que mais alegria lhes traga ao coração, sem guerras.
Apenas com um acordo acordo baseado em duas regras simples, a harmonia é possível!
Estas duas regras base que devem ser postas em cima da mesa de imediato, mal a família decida que está na hora da arrumação da casa, tornarão tudo mais simples!
Elas aqui vão:
1-Definição dos Espaços Individuais e dos Espaços Comuns 2-Definição do responsável por cada um dos Espaços definidos acima
E já está! Tão simples como isto! Com esta definição clara para todos, algo de milagroso estará prestes a acontecer.
O “organizado” irá entreter-se durante algum tempo a olhar melhor para o seu espaço individual e a descobrir se tudo o que lá habita é uma escolha feliz ou se ainda há espaço para nova selecção com o coração e uma reorganização mais eficaz. Irá assim deixar de bisbilhotar e andar ocupado com o espaço individual dos outros e, o mais importante de tudo: nunca mais irá deitar nada fora que não lhe pertença. No limite, se encontrar alguma coisa de outra pessoa nalgum espaço comum, irá colocá-la, visível, no espaço do outro e avisará o “dono” que a encontrou e colocou no “seu” espaço. Decidir deitar fora as coisas dos outros é um acto de enorme desrespeito e até de traição, que fragiliza em muito a confiança entre quem mora debaixo do mesmo tecto. Se fores, uma dessas pessoas, isso é algo que te recomendo que deixes de fazer de imediato! Mesmo que até agora só te tenha trazido benefícios, acredita que no dia em que ele. ou ela. descobrirem uma peça que tu tenhas deitado fora, a confiança entre vós será muito difícil de reconstruir.
Por outro lado o “desarrumado” sentir-se-á feliz sem ouvir acusações constantes e só terá de se preocupar com duas coisas: garantir que nos espaços comuns, por norma deixados à responsabilidade do ”organizado”, por comum acordo, não existe nada que seja seu e que fique esquecido mais de 24 horas e colocar de volta no lugar tudo o que tiver usado nos espaços comuns. Em breve, a sensação de calma e paz que estes espaços lhe começarão a trazer vão começar a inspirá-lo e, ao seu ritmo, vai sentir vontade de ir praticando o desapego. Quem sabe, até um dia peça ajuda ao “organizado” em determinada matéria de escolha e arrumação...
Como nota final e muito pessoal, eu moro com um acumulador e desarrumado. Quando começámos a morar juntos, há cerca de 5 anos, sempre que eu estendia alguma peça de roupa dele que estava visivelmente estragada, sorria e deitava a fora sem pedir licença, sentido que só estava a ajudar. Nunca tivemos nenhuma situação grave, mas ao mergulhar na filosofia KonMari, aprendi que nunca o deveria ter feito. Hoje, já mudámos de casa 2 vezes, e temos sempre claro o espaço de cada um e o espaço de todos. Claro que , nos dias em que estou mais cansada ou mais impaciente, descarrego nele a desarrumação que deixa na cozinha ou na sala, simplesmente porque não respeito o seu tempo. Eu arrumo logo tudo. Ele arruma umas horas depois. Mas na maior parte dos dias, está tudo sereno no que toca à arrumação cá em casa e. embora os nossos armários interiormente sejam o oposto, vivemos bem com estas diferenças! Acreditem!

(1) Fonte www.pordata.pt