O « drama» de viver em família!
Em 2011, existiam perto de 3,2 Milhões de famílias com 2 ou mais
elementos em Portugal (1). Estes dados indicam 3 milhões de casas
organizadas diariamente por mais do que 1 só pessoa. E como todos
somos seres únicos e especiais, a vida que idealizamos,
individualmente, apresenta grandes ou pequenas nuances em relação à
família com quem dividimos o mesmo tecto.
Há quem diga que o mundo se pode dividir em duas metades: os
organizados e os desarrumados. Se juntarmos as versões mais
extremistas destes dois grupos na mesma casa, é provável que todos os
dias existam pequenas “guerras nucleares”: o mais organizado
“passa-se” com o caos em que o outro vive e o rasto de destruição que
deixa por onde passa, e o mais desarrumado fica doente com as críticas
constantes e com as coisas que vão desaparecendo sem que as tenha
deitado fora.
E agora vem a bomba que eu, Consultora KonMari, integrando
orgulhosamente o lado “organizado” do mundo, vem aqui largar: todos os
que partilham casa têm o direito e espaço de viver da forma que mais
alegria lhes traga ao coração, sem guerras.
Apenas com um acordo acordo baseado em duas regras simples, a harmonia
é possível!
Estas duas regras base que devem ser postas em cima da mesa de
imediato, mal a família decida que está na hora da arrumação da casa,
tornarão tudo mais simples!
Elas aqui vão:
1-Definição dos Espaços Individuais e dos Espaços Comuns
2-Definição do responsável por cada um dos Espaços definidos acima
E já está! Tão simples como isto! Com esta definição clara para todos,
algo de milagroso estará prestes a acontecer.
O “organizado” irá entreter-se durante algum tempo a olhar melhor para
o seu espaço individual e a descobrir se tudo o que lá habita é uma
escolha feliz ou se ainda há espaço para nova selecção com o coração e
uma reorganização mais eficaz. Irá assim deixar de bisbilhotar e andar
ocupado com o espaço individual dos outros e, o mais importante de
tudo: nunca mais irá deitar nada fora que não lhe pertença. No limite,
se encontrar alguma coisa de outra pessoa nalgum espaço comum, irá
colocá-la, visível, no espaço do outro e avisará o “dono” que a
encontrou e colocou no “seu” espaço. Decidir deitar fora as coisas dos
outros é um acto de enorme desrespeito e até de traição, que
fragiliza em muito a confiança entre quem mora debaixo do mesmo tecto.
Se fores, uma dessas pessoas, isso é algo que te recomendo que deixes
de fazer de imediato! Mesmo que até agora só te tenha trazido
benefícios, acredita que no dia em que ele. ou ela. descobrirem uma
peça que tu tenhas deitado fora, a confiança entre vós será muito
difícil de reconstruir.
Por outro lado o “desarrumado” sentir-se-á feliz sem ouvir acusações
constantes e só terá de se preocupar com duas coisas: garantir que nos
espaços comuns, por norma deixados à responsabilidade do ”organizado”,
por comum acordo, não existe nada que seja seu e que fique esquecido
mais de 24 horas e colocar de volta no lugar tudo o que tiver usado
nos espaços comuns. Em breve, a sensação de calma e paz que estes
espaços lhe começarão a trazer vão começar a inspirá-lo e, ao seu
ritmo, vai sentir vontade de ir praticando o desapego. Quem sabe, até
um dia peça ajuda ao “organizado” em determinada matéria de escolha e
arrumação...
Como nota final e muito pessoal, eu moro com um acumulador e desarrumado. Quando começámos a morar juntos, há cerca de 5 anos, sempre que eu estendia alguma peça de roupa dele que estava visivelmente estragada, sorria e deitava a fora sem pedir licença, sentido que só estava a ajudar. Nunca tivemos nenhuma situação grave, mas ao mergulhar na filosofia KonMari, aprendi que nunca o deveria ter feito. Hoje, já mudámos de casa 2 vezes, e temos sempre claro o espaço de cada um e o espaço de todos. Claro que , nos dias em que estou mais cansada ou mais impaciente, descarrego nele a desarrumação que deixa na cozinha ou na sala, simplesmente porque não respeito o seu tempo. Eu arrumo logo tudo. Ele arruma umas horas depois. Mas na maior parte dos dias, está tudo sereno no que toca à arrumação cá em casa e. embora os nossos armários interiormente sejam o oposto, vivemos bem com estas diferenças! Acreditem!
(1) Fonte www.pordata.pt