Rita Carvalho de Matos
Organização e bem-estar: qual a relação?
Este foi o meu artigo de estreia no Blog #SLOWLIVINGYOGA. Um incrível e completo espaço de Bem Estar Holístico! Comecei com um tema que tem estado na “boca do mundo”: Organização da nossa casa.
E sempre que se fala de algo que está na moda, sinto que pecamos por não começar pelo básico, e às vezes começamos a debater determinado assunto, e a formar uma opinião muito própria sem pesquisa, sem informação real. Proponho, por isso, dedicarmos um pequeno espaço para iniciarmos pelo básico dos básicos e tentar, finalmente, definir o que é ser uma pessoa organizada.
No dicionário de língua portuguesa (www.infopedia.pt), ser organizado é “ter ordem, método, ser estruturado e coerente e capaz de permitir um funcionamento ou utilização eficiente”. Para mim, com tudo o que tenho a vindo a aprender nesta área, uma pessoa organizada é uma pessoa que vive genuinamente feliz com as suas escolhas diárias. Mas na verdade, acho que esta definição é tão subjectiva quanto a que tenta definir o que é uma pessoa feliz. No mesmo dicionário, encontro a seguinte definição de “feliz: que goza de felicidade, satisfação, bem-estar, que teve bom êxito e é bem-sucedido e próspero, que tem sorte”. Ora ser feliz como ser organizado é uma emoção muito pessoal. Há pessoas que sentem uma felicidade enorme por ter sempre o último modelo do Iphone e outras porque à Sexta se juntam com os amigos e comem uma pizza enquanto conversam sobre a semana. Quantas vezes já ouvimos dizer “sou muito organizado dentro da minha desorganização porque encontro sempre o que ando à procura”? Eu ouvi muitas. O meu pai era assim. Pilhas e pilhas de papéis. E ficava louco quando a minha mãe os arrumava noutro sítio porque assim já não iria saber onde estava o que precisava. Na verdade, ela só colocava a mesma pilha num sítio menos visível, mas era o suficiente para perturbar a noção de organização dele. Organizar é para muitos etiquetar tudo, para outros ter livros organizados por cores ou por autores. Resumindo, não há uma definição universal nem para “Organização” nem para “Felicidade”. Não há um “tamanho único” para estes conceitos.
O que gostaria mesmo de te pedir, antes de avançarmos, era que dedicasses algum tempo a reflectir sobre a tua vida ideal e o que são para ti uma vida e casa organizada. Escreve num bonito caderno, com a tua caneta preferida o que te leva a desejar fazer um reset, uma reorganização da tua casa, do teu espaço e o que esperas sentir no final desse processo, a que gosto de chamara de “maratona”. A meio do caminho, sempre que tiveres dúvidas e estiveres cansado das escolhas, selecção e arrumações, volta lá e vai ler o motivo e objectivo deste teu compromisso. A minha jornada e interpretação do método KonMari, que irei partilhar aqui ao longo de alguns artigos, vão ser aquela corda guia que existe nos percursos pedestres pela natureza: estão lá para garantir que chegas ao fim. Tu decides o que levar na mochila, quando parar e que fotografias tirar. A definição de organização e felicidade é tua.
O método KonMari é um método de organização da tua casa. O que deves esperar são regras que te guiarão duma forma muito clara (atenção que há lugar a alguma adaptação nalgumas áreas mas as regras de ouro, que irei sempre identificar, são imutáveis) para que no final do festival ou da maratona KonMari (podes escolher o que mais gostares para identificar o teu processo) vivas numa casa com a qual sentes uma enorme identificação e que te transmita tanto bem estar e paz que nunca mais irás ter aquela sensação pesada de ter que a arrumar.

Um alerta importante: as nossas casas são “seres vivos”. Há vida, a nossa e da nossa família, dentro dela todos os dias. O que vamos fazer é aprender a simplificar e minimizar a rotina diária de voltar a pôr tudo no lugar antes de dormir. E junto a este importante alerta, outro tão ou mais relevante: o efeito boomerang voltará a acontecer se fizeres apenas algumas categorias ou demorares mais de 6 meses a concluir a tua maratona. Não acredito em milagres exteriores a nós. Só a tua persistência e absoluto perfeccionismo te levarão a um sítio lindo, impossível de imaginar do sítio onde te encontras agora.
Já está claro que este é um de organização do nosso espaço. E qual é a relação entre essa organização e a transformação da nossa vida, de que todos falam? Fácil. Onde te imaginas quando pensas num sítio tranquilo, onde possas ler, beber um copo de vinho, gin ou chá, com uma boa música que escolheste lá ao fundo? Num hotel, de férias nas montanhas ou na praia? Na grande parte dos casos, a resposta a esta pergunta não é “a nossa casa”. E se passasse a ser? E na fase que estamos a viver, esta questão faz ainda mais sentido pelo tempo que estamos a passar fechados no nosso espaço. A nossa casa deveria mesmo ser o sítio ideal para descontrair, criar, meditar, ler, e fazer tudo o que nos traz bem-estar. Arrisco dizer que a maior parte de nós vê a sua casa como um local funcional, para onde é bom regressar ao final do dia para fugir e descansar do mundo lá fora, mas longe do paraíso idílico do chalet na montanha onde sente que pode finalmente descansar. É aqui que tudo muda.
O método KonMari transforma a tua vida porque tu vais tornar a tua casa no melhor sítio do mundo para ti. Tu vais escolher guardar apenas o que te inspira alegria (o fenómeno Spark Joy). E vais organizar todos esses objectos que gostas duma forma funcional e feliz, que vai facilitar os teus dias e dar te tempo para usufruíres do teu espaço como nunca imaginaste. Essas escolhas vão te ensinar muito sobre ti. Tanto, que vais descobrir talentos, paixões, interesses antigos ou novos que irão abrir novos caminhos e fazer te criar objectivos para esta tua nova vida. Estas escolhas vão libertar-te de tudo o que ocupa espaço em tua casa e que já não faz parte de quem és agora. A magia do desapego é contagiante e vais finalmente sentir no coração o regresso a casa, literalmente, como um regresso ao ninho. Onde podes ser tu. Onde tudo te representa, representa os teus valores e te inspira a fazer coisas novas.