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  • Foto do escritorRita Carvalho de Matos

A organização como aliada do nosso legado!

Nenhum de nós irá durar para sempre. Costumo terminar os meus Workshops com esta reflexão: que legado queremos deixar a quem vier tratar da nossa casa, do nosso espaço a seguir à nossa partida?


Este tema é o mais delicado e profundo para mim neste meu percurso dentro da Organização e do poder transformador do método KonMari. Sem saber, vivi esta experiência de “entregar a casa ao senhorio” quando a minha avó faleceu, em 1998. Tinha eu 23 anos, tinha acabado o meu curso de gestão e tinha começado a trabalhar na Sportzone… estava bem longe deste caminho de Transformação e Escolhas Positivas. Nos dias após a nossa despedida, tivemos alguns dias a preparar coisas para dar a instituições e guardámos muito pouco. Umas fotos e alguns livros apenas. E ainda a ter de gerir a tristeza de a ter visto partir tão de repente logo após o Natal, descobri textos que escreveu e que continham muita tristeza. Tristeza essa que já não pude confortar ou saber mais. Fiquei com esta imagem…a minha avó era uma pessoa sozinha e triste.

Este episódio ensinou me muito.


Uma das atitudes que mudei foi em relação aos meus pequenos diários. Sempre gostei de escrever antes de me deitar, sobretudo nas alturas em que passava (e passo) por momentos menos felizes. Escrever só para mim é desabafar. É aliviar um peso do meu peito. Mas é algo que é só meu. Sendo lido por outra pessoa, aquilo que é apenas uma fotografia dum momento meu, vai passar a ser a ideia com que o outro ficará de mim. Continuo a escrever. Aliás, tenho actualmente um diário da gratidão que é um exercício magnífico para viver com serenidade, paz e claro…gratidão. Mas todos os caderninhos que tinha anteriores, queimei. E sempre que releio o que estou a usar e sinto peso nas minhas palavras, queimo-o e recomeço outro. Não sei se amanhã cá estarei. O que escrevi para mim cumpriu o seu propósito naquele preciso momento. É meu. É só meu. Ninguém deverá ler e muito menos quando eu já cá não estiver. Não quero que ninguém se lembre de mim pelas palavras mais tristes e pesadas que tirei do peito num determinado dia.


E não quero que percam muitos dias a limpar o que deixei. Quero muito que esse momento difícil traga alguns sorrisos ao coração de quem o fizer. Ao olharem para os meus pertences, e à forma como os mantinha, quero que se recordem de como aprendi a viver rodeada do que me fazia feliz. Quero que se lembrem como me dava prazer ter as gavetas bem ordenadas, com tudo visível, acessível e em pleno funcionamento. Tudo o que deixarei estará em bom estado para ser entregue a quem precisar ou para guardarem como uma boa memória minha.


Não penso nisso todos os dias, mas confesso que o legado que quero deixar me motiva a viver uma vida mais simples, leve e que espelhe o que me faz feliz, a cada momento.


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